14 novembro 2013

Emissão quase zero de poluentes

A redução catalítica seletiva é a solução encontrada pela maioria das montadoras de veículos diesel para reduzir a emissão de poluentes, que a partir de 2012 vai ter que seguir as normas do Conama P7, equivalente à Euro 5.
Carolina Vilanova

Com a entrada da nova lei de emissões brasileira a partir de 2012, todos os veículos diesel deverão sair da linha de montagem com o motor já adaptado para o Proconve 7, que equivale ao Euro 5, na Europa. O objetivo é um só: reduzir a emissão de poluentes expelida na atmosfera, decorrente da queima do combustível, que no caso do diesel, tem grande concentração de NOx (Óxido de nitrogênio) e de Material Particulado (MP).


Mas isso não é exatamente um problema para as montadoras, já acostumadas ao rigor da lei de emissões aplicadas na Europa e em outros países, anos-luz na nossa frente. O desenvolvimento de tecnologias para a redução dos gases já é conhecida e praticada por lá, o que está acontecendo nesse momento é a tropicalização desses sistemas e a introdução nos modelos que saem das linhas de montagem nacionais.
A solução mais acertada encontrada para a redução desses gases é o sistema SCR (Selective Catalytic Reduction, que em português significa Redução Catalítica Seletiva), já adotado por montadoras como Mercedes-Benz, Volvo e Scania. A ação nesse caso acontece dentro do escapamento, depois que a combustão acontece, atenuando por meio de reações químicas os gases formados no catalisador para que sejam expelidos (bem menos prejudiciais ao meio ambiente). O resultado apresentado até agora é uma emissão com quase zero de poluentes.
A Redução Catalítica Seletiva é uma tecnologia relativamente simples e o seu bom desempenho já foi comprovado, por meio de milhares de testes realizados em caminhões em outros países, que tiveram como resultado a redução drástica das emissões de NOx para níveis muito baixos, quase zero, enquanto ao mesmo tempo, ajuda a proporcionar economia de combustível e confiabilidade, sem muitas mudanças na parte mecânica do motor.

Reservatório do ARLA 32, substância que será vendida em postos de gasolina pelo Brasil
O SCR é usado pela maioria das montadoras, considerando, porém, as especificações e particularidades de cada uma e de seus veículos. O que é obrigatório é o cumprimento da nova legislação, que exige a redução de 80% nas emissões de Material Particulado (MP) e de 60% nas emissões de Óxidos de Nitrogênio, ambas resultantes da queima do diesel.
Box
Normas do Proconve 7
Reduções de NOx em 60%, o que representa passar de 5,0 para 2,0g/kWh
Redução de 80% nas emissões de partículas, reduzindo de 0,1 para 0,02 g/kWh


Painel vai ser conter mais um mostrador, que avisa o nível de ARLA 32 do tanque
Na Mercedes-Benz, a tecnologia, que já é realidade na Europa, chama-se Blue Tec 5 e se destaca por oferecer excelente desempenho e economia de consumo de combustível, "o que diminui o custo operacional dos caminhões e assegura a rentabilidade para os clientes", diz Gilberto Leal, gerente de Desenvolvimento de Motores da Mercedes-Benz do Brasil.
Depois de milhares de quilômetros percorridos em testes, em diferentes situações, a Mercedes-Benz comprovou a robustez e durabilidade do motor com a tecnologia, enfrentando com sucesso as adversidades do transporte brasileiro e latino-americano. Os primeiros veículos pré-série que atendem à legislação são o caminhão pesado Axor 2831 e o chassi OF 1722 para ônibus urbano.
Como funciona
De um modo geral, o sistema de Redução Catalítica Seletiva (SCR) faz a conversão dos óxidos de nitrogênio (NOx) por meio da injeção de uma substância química denominada Arla 32 (Agente Redutor Líquido de NOx Automotivo), que tem como base a água e a uréia, dentro do escapamento do veículo, para que seja feito um pós-tratamento dos gases de escape. O produto obtido nesse processo será Nitrogênio puro e o vapor de água, que não causa danos quando expelido na atmosfera.

Blue Tec 5 é o nome do sistema SCR nos modelos da Mercedes-Benz: redução de poluentes

Para que aconteça essa reação, foi necessário incluir alguns componentes no veículo: um reservatório específico para o Arla 32, uma bomba que faz a sucção do líquido, uma válvula controladora, um injetor acoplado diretamente no escapamento, uma unidade de controle que faz a conversa entre o motor e o catalisador, e uma sonda colocada na saída do escapamento para medir o gás que está sendo liberado.
O sistema da Volvo é bem parecido, e também requer um tanque para armazenamento do ingrediente, uma bomba de sucção e as linhas de passagem do líquido e um bico injetor. Além disso, são acrescentados um sistema de aquecimento do líquido e o OBD (On Board Diagnosis), sistema de monitoramento dos gases.
Os veículos da Scania também já estão circulando com o SCR na Europa, principalmente, como uma alternativa de ótimo custo-benefício para uma série de tarefas de transporte. O sistema de controle eletrônico da Scania, monitora essas reações para garantir um desempenho, economia de combustível e de custos em geral para o transportador.

Esquema de como funciona o sistema SCR, que vai ser implementado em 2012
Manutenção do veículo
Como no motor não foi feita nenhuma mudança significativa, a manutenção preventiva do veículo não muda, a recomendação é que seja seguido o manual do proprietário. Pelo contrário, com essa tecnologia, os intervalos de manutenção serão maiores. Dos componentes introduzidos no sistema, apenas o filtro de ARLA 32 deve ser trocado a cada dois anos de uso, os outros itens não são de desgaste e tem vida infinita, dispensando a manutenção.
E o abastecimento?
As dúvidas quanto ao sucesso da utilização do SCR no Brasil vão além da capacidade das montadoras de desenvolverem o produto. É que juntamente com a nova tecnologia, serão necessários a utilização do fluido Arla 32 e de um novo tipo de diesel, o S10, que deve ter sua introdução feita de maneira gradativa a partir de 2012. Responsável pela distribuição do diesel S10, a ANP (Associação Nacional de Petróleo) garante que o plano será cumprido até 2014.
Já o Arla 32 será vendido em diferentes embalagens, galões de 10 litros, tambores de 200 litros e tanques de 1000 litros, todos construídos com material apropriado, para ser vendido a granel. O gasto do fluido é cerca de 4,5% do consumo de diesel do caminhão e o seu valor ainda não foi estipulado.
Essas medidas foram tomadas na hora certa, afinal, a cada dia entram nas ruas mais caminhões e carros que contribuem para a poluição do ar e a destruição da camada de ozônio. Óxidos de Nitrogênio formam ozônio e chuva ácida, enquanto outros gases derivados da combustão dos motores a combustão (HC, e CO2) são relacionados ao efeito estufa. Além disso, as consequências das emissões de Materiais Particulados podem ser muito prejudiciais a nossa saúde, pois podem provocar problemas pulmonares.
Se as montadoras e o governo estão investindo para melhorar a qualidade do ar, nós temos que fazer a nossa parte, orientando os clientes sobre a importância de se realizar a manutenção preventiva e manter regulado o motor do veículo. Tudo pelo bem do meio ambiente e da nossa saúde.

SCR da Scania terá catalisador, tanque, central eletrônica e um sensor de emissão . Nada muda no motor, apenas a calibração

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